Perante o silêncio cúmplice e comprometedor do Presidente da Câmara Municipal, o Governo do PS acaba de desferir mais um rude golpe nos direitos legítimos das gentes de Santa Comba Dão a cuidados de saúde de proximidade, mandando encerrar o SAP, a partir da meia noite, e extinguir as Extensões de Saúde de Óvoa, Pinheiro de Ázere e S. Joaninho.

Este é um perigoso sinal do Governo, que no anterior mandato, perante a luta determinada das populações, recuou nos seus intentos de encerramento dos SAPs, e que agora, comprada, sabe-se lá a troco de quê, a inércia de alguns autarcas, retoma a sua ofensiva de eliminação de serviços públicos fundamentais à garantia do bem estar das populações.

Neste contexto, as declarações do director  do ACES Dão Lafões III (no seu papel de comissário político) à comunicação social, não deixam dúvidas sobre os objectivos do Governo nesta área: “Se dá prejuízo, fecha-se”. “Se faltam médicos do SNS, dá-se lucro a empresas privadas, contratando-lhe médicos do SNS aposentados”. É mais fácil encerrar do que dotar estes estabelecimentos de saúde, dos médicos e das valências necessários.

 
Esta política do Governo é economicista, inconstitucional e alheia ao imenso desconforto e sofrimento causado aos milhares de utentes, na sua esmagadora maioria idosos sem mobilidade e a viverem num mundo rural onde os governos de direita vão fechando tudo o que é importante para fixar e dar qualidade de vida às pessoas: extensões de saúde, escolas, correios, farmácias, postos da EDP, Zonas Agrárias, etc. 

Segundo a perversa lógica do Ministério da Saúde, o Centro de Saúde encerra hoje da meia noite às 8 da manhã porque não há médicos. Qualquer dia, pela mesma razão, ou porque os “comissários políticos” do ACES alterem os critérios dos “rácios”, passará a encerrar às 10 da noite, depois às 8 e quando derem por isso encerra na totalidade e marcha de ambulância até às entupidas urgências do Hospital de Tondela ou às do S. Teotónio de Viseu. E não será apenas o de Santa Comba Dão a encerrar. Seguir-se-ão os Centros de Saúde de Carregal do Sal, Mortágua, Penalva, Nelas e os demais.

Estranho é, também, neste processo, o posicionamento assumido pelo Presidente da Câmara de Santa Comba Dão. A que se deve a sua passividade? Porque não mobiliza agora, como fez em tempos, as populações, disponibilizando autocarros para elas participarem nas manifestações contra os desígnios do Governo de querer encerrar o SAP. Porque aceitou sem gemidos esta injusta decisão, gravemente penalizadora para os seus munícipes? Que lhe terão prometido a troco da sua conivência? A história no-lo dirá um dia, mas hoje, os Santacombadenses têm razões de sobra para se sentirem mal representados neste processo pelo seu autarca.
 
O PCP recolheu em tempos na Feira Semanal de Santa Comba, para uma Petição, centenas de assinaturas contra o encerramento do SAP, que juntou a outras recolhidas noutros concelhos do Distrito, de que posteriormente fez entrega na Assembleia da República.

Sabendo que a vontade da maioria dos habitantes do concelho, de ver o seu SAP aberto 24 horas por dia, não mudou desde então, o PCP, através do seu Grupo Parlamentar na Assembleia da República, vai questionar a Senhora Ministra da Saúde sobre as razões do intempestivo encerramento do SAP de Santa Comba Dão e das Extensões de Saúde de Óvoa, Pinheiro de Ázere e S. Joaninho e fazer o que estiver ao seu alcance para que estas populações tenham os serviços e os cuidados de saúde que merecem e a que têm direito.

O PCP, vai apoiar todas as acções de protesto das populações contra esta iníqua discriminação negativa por parte deste governo, amigo dos banqueiros e inimigo declarado dos trabalhadores e das populações do distrito.


Viseu, 2/02/2010

O SECRETARIADO DA DOR Viseu DO PCP