Poucos dirigentes políticos terão, como Álvaro Cunhal, uma tão vasta e profícua reflexão sobre os direitos das mulheres e a sua luta emancipadora. Ao longo de décadas, acompanhando a acção interventiva do seu partido, em artigos, relatórios ou discursos, o histórico dirigente comunista revelou sempre uma grande sensibilidade para os problemas concretos das mulheres trabalhadoras e uma profunda compreensão da importância da sua participação, com as suas reclamações específicas, na luta mais geral dos trabalhadores e do povo. Sempre firme na sua convicção de que, sem a libertação da mulher não poderá haver liberdade para o homem.
Também a sua tese de licenciatura em direito, apresentada em pleno regime ditatorial, reflectiu esta relevância dada aos problemas da mulher ao tratar o tema O Aborto, Causas e Soluções.
Com o pseudónimo de Manuel Tiago, espelhou nos seus contos e romances, a vida e o papel das mulheres nas mais diferentes dimensões, em obras como A Casa de Eulália ou Até Amanhã Camaradas.
A mulher ocupa também lugar especial na sua obra plástica. Apresentada forte, corajosa, trabalhadora, mas sobretudo feminina. Mesmo nos desenhos em que a personagem é colectiva, a mulher está sempre presente, lutando ou trabalhando ao lado do homem, mas também dançando. Nas cenas de festa e dança, a leveza e graciosidade da mulher são um dos elementos fulcrais de toda a dinâmica característica destes desenhos.
Será esta presença das Mulheres na Obra de Álvaro Cunhal, que será abordada em Colóquio evocativo do Centenário de Álvaro Cunhal, no próximo dia 10 de maio, pelas 21:00, no auditório da FNAC – Viseu (Palácio do Gelo).