A Direcção da Organização Regional de Viseu do PCP (DORV), reuniu em 14 de Outubro de 2012, tendo analisado de forma exaustiva a preocupante situação política, social e económica que se vive no Distrito de Viseu, que replica de forma gravosa a situação de desastre que o País atravessa.
1 - Com vista ao desenvolvimento da terceira fase de preparação do XIX Congresso do PCP, a realizar a 30 de Novembro e 1 e 2 de Dezembro, em Almada, a DORV, aprovou o calendário de reuniões para o Distrito, tendo em vista a discussão do Programa e Teses e a eleição dos Delegados.
2 - No âmbito da comemoração em 2013 do Centenário de Álvaro Cunhal, sob o lema “Vida, pensamento e luta: exemplo que se projecta na actualidade e no futuro”, a DORV discutiu e aprovou algumas importantes iniciativas, com particular destaque para a que se desenrolará em torno do carro de Salazar, que se encontra no Museu do Caramulo, veículo que protagonizou a celebre fuga da prisão de Caxias. Esta visita/colóquio contará com a participação de alguns dos protagonistas da evasão. A DORV lançou simultaneamente o desafio às organizações concelhias, para que se envolvam no enriquecimento desta importante comemoração, promovendo eventos próprios durante todo o ano.
3 - A DORV concluiu que o quadro social no Distrito de Viseu se agudizou de forma dramática no último ano. Falências, despedimentos, salários em atraso, aplicação da Lay off, total ausência de investimento público, degradação de vários serviços públicos, nomeadamente os de saúde, aumento exponencial do desemprego, são tudo chagas que o Governo do PSD/CDS agravou, levando ao extremo as condições de vida dos trabalhadores e da população.
4 - Se atentarmos nos números do desemprego, verificaremos que ele teve no último ano um aumento vertiginoso no Distrito. Segundo os dados oficiais, em Junho de 2011, estavam inscritos nos 24 concelhos, 16.968 desempregados. Em Agosto de 2012, estes números eram já de 22.537. Em apenas um ano o desemprego subiu percentualmente de 10,45% para 13, 89%, o que corresponde, em números reais, a cerca de 18% e mais de 28 mil de desempregados. Números que, em concelhos como Carregal do Sal, Mortágua, Oliveira de Frades, Cinfães estão já muito acima dos 20%. Mais de um ano depois do início da concretização do Pacto de Agressão que PS, PSD e CDS assinaram com a Troika, também o distrito está confrontado com um insuportável agravamento da situação económica e social.
5 - Em S. Pedro do Sul foi a José Pinto e filhos que fechou as portas lançando no desemprego mais de 50 trabalhadores. Na Fulgurauto as 16 trabalhadoras não recebem salário desde Abril, com a conivência da Câmara Municipal de Viseu. A Faurécia está a despedir todos os trabalhadores em fim de contrato e ameaça entrar em Layoff. A Martifer está a impor a redução dos salários e não renova contratos. A Citroen vai parar uma semana no fim de Outubro, tudo para a famigerada “bolsa de horas”. Na Granimundo os trabalhadores fizeram greve pelo pagamento dos salários em atraso e foram obrigados a suspender os seus contratos de trabalho. Com a actividade económica em queda livre, alastra o desemprego, encerram centenas de empresas, assiste-se ao empobrecimento galopante da população, aumenta a brutal exploração dos trabalhadores, reduzem-se os direitos, os salários e as pensões. É o caminho acelerado para o desastre.
6 - Na agricultura, os incêndios do último Verão fustigaram impiedosamente o Distrito de Viseu, por incúria do Governo, levando à destruição de milhares de hectares de baldios e floresta de particulares, afectando o ecossistema e o rendimento já depauperado dos produtores florestais. A quebra no preço do leite e da carne, imposto pelas grandes superfícies, está a levar à ruína centenas de agricultores, contribuindo para a desertificação dos campos e a quebra da actividade económica local e do rendimento dos produtores. Em virtude desta recessiva política das troikas, muitos outros sectores estão a braços com situações de ruína, como acontece com as Farmácias, com a restauração, com as pequenas oficinas e com a quase totalidade das pequenas empresas.
7 - A política de ataque ao SNS não se fica apenas pelo aumento das taxas moderadoras. De Mortágua a Bodiosa e Calde, de Vila Nova de Paiva a Penalva do Castelo e de forma generalizada por todo o Distrito, faltam médicos, enfermeiros e pessoal auxiliar em todos os Centros de Saúde e Extensões. Em Lamego o Hospital Novo espera há vários meses pela sua entrada em funcionamento. Relatos de pessoal clínico e utentes dão conta da penúria ou mesmo ausência de vacinas, medicamentos vários e até compressas ou seringas nos Centros de Saúde, para ministrar aos utentes. É matar o povo de forma deliberada, para entregar as “poupanças” aos banqueiros.
8 - Está em marcha, o ataque à soberania das freguesias com a imposição administrativa da extinção de centenas desses órgãos, decisivos para o bem-estar e a participação democrática das populações. Registar a postura hipócrita de alguns presidentes de Câmara do PSD (Vouzela, Oliveira de Frades, Viseu, etc), que depois de obrigarem as suas Assembleias Municipais a votar a extinção de algumas freguesias, vêm declarar o seu desacordo com a lei e com o processo. É necessário levantar as populações contra esta manipulação e denunciar os traidores dos seus legítimos interesses.
9 - Mas, a dimensão e violência da ofensiva que está em curso, também no Distrito de Viseu tem despertado uma combativa e poderosa resposta dos trabalhadores e das massas populares. Merece particular destaque a participação de mais de 500 trabalhadores do Distrito na histórica manifestação de 29 de Setembro, bem como a realização, no dia 8 de Outubro, da jornada de solidariedade com a Marcha Contra o Desemprego. Significativa foi a participação de centena e meia de agricultores do Distrito no protesto realizado pela CNA na Agrovouga, em Aveiro. De saudar igualmente a luta da população de Bodiosa e de outras freguesias e concelhos, pela colocação de médicos que respondam às necessidades da população. Um destaque especial para o grande Buzinão que se realizou em Viseu, no passado dia 12 de Outubro, exigindo a abolição das portagens na A24 e na A25, que juntou em protesto centenas de carros e camiões que paralisaram por completo todo o centro da cidade.
10 - A Luta é o caminho para derrotar a política de direita e criar condições para uma alternativa política e a formação de um governo patriótico e de esquerda. A DORV apela por isso a todos os militantes e amigos do PCP e aos trabalhadores, para que adiram à Greve Geral que a CGTP marcou para 14 de Novembro, transformando-a numa poderosa e significativa jornada de luta.
11 - Reclamando a concretização de obras e empreendimentos fundamentais para o desenvolvimento do Distrito, como a construção da auto-estrada Viseu/Coimbra, a ligação ferroviária da cidade de Viseu à linha da Beira Alta, a construção do matadouro Público de Viseu, a construção dos itinerários complementares 26, 35 e 12, a criação da Universidade Pública, o PCP continuará a sua luta permanente, cumprindo o seu papel, ligando-se ainda mais aos trabalhadores e ao povo, afirmando a sua identidade comunista e o seu projecto de transformação da sociedade, pela liberdade, pela democracia, pela paz, pelo socialismo.
Viseu, 14/10/2012
Direcção da Organização Regional de Viseu do PCP