Caros amigos, caros camaradas,
Permitam-me dar-vos as boas vindas e agradecer a vossa presença. Uma extraordinária adesão a este jantar-convívio que demonstra a vitalidade do Partido Comunista Português, O nosso Partido, a quem declaram de forma hostil, o óbito de forma recorrente e periódica e que, no entanto, renasce a cada dia a cada momento de luta e convívio, com os olhos no amanhã.
Uma palavra ainda, se me permitem, de agradecimento à casa e aos seus trabalhadores que hoje nos acolhem, nesta avenida que é nossa e que enquadra a também nossa cidade de Lamego.
Camaradas e amigos,
Há uns meses, dissemos em voz una e firme a intenção do PCP em disputar a eleição de deputados em círculos eleitorais como o de Viseu. Dissemos também com profunda convicção que qualquer que fosse o cenário que saísse desse momento eleitoral o compromisso do PCP com o distrito e o país, com as suas populações e os seus trabalhadores era inquebrantável.
Infelizmente para o distrito, não foi possível eleger o Miguel Tiago, mas o dito e assumido é traduzido em verdade, e, afirmamos como sempre que o Partido Comunista Português não resume a sua actividade e luta política a um único momento eleitoral.
A isto, podem comprovar as populações do distrito, que sabem que deste lado da barricada, estão homens e mulheres que defendem os seus legítimos interesses e direitos. Homens e mulheres comunistas, que começam a democracia nas ruas, a levam às fábricas e aos campos, às portas das escolas e dos hospitais, exigindo que Abril se cumpra. Levamos, mesmo sem deputado eleito pelo distrito, à Assembleia da República as questões e preocupações do distrito, ao contrário de outros que voltando costas ao seu mandato, se tornam obstáculo ao justo desenvolvimento do distrito e não dão resposta às inquietações das suas gentes. É com esta verdade que se combate de forma eficiente e prática a desertificação e se melhora as condições de vida dos que teimam, e bem, aqui viver.
É isto verdade, quando de novo o PCP leva a proposta ao parlamento de abolição das portagens da A24 e da A25, que responde não só à exigência e vontade popular, mas vai de encontro à eterna miragem de investimento e desenvolvimento no interior e promessas de coesão territorial. É isto verdade, na absoluta exigência do PCP na requalificação da IP3, no âmbito da segurança rodoviária como também é exemplo a beneficiação exigida na Nacional 225 e 222. É isto verdade, quando insistimos na urgência do investimento na Linha Ferroviária do Douro para servir toda a região, Lamego incluído. É isto verdade, no apoio total à justa luta dos trabalhadores da PSA em Mangualde contra a Bolsa de Horas, que de forma segura avançam na luta pelos seus direitos laborais e fazem frente aos abusos patronais, com o apoio inequívoco do PCP. É isto verdade, na luta feroz que travamos pela manutenção das especialidades médicas e equipamentos no hospital de Viseu e no hospital de Lamego, na exigência que acompanha a preocupação dos seus profissionais de saúde, para o reforço de recursos humanos e materiais, mas também de mais e melhores meios de diagnóstico, para a polivalência das urgências de ambos os hospitais, neste momento debilitadas e amputadas das suas funções gerais, e a cabimentação urgente de verba no orçamento de estado para o arranque das obras no centro oncológico de Viseu, isto tudo para que seja possível manter a dignidade do Serviço Nacional de Saúde não só na região, mas em todo o país.
É isto verdade, quando assumimos sem medos a mobilização popular e tomamos a dianteira da luta política para evitar o encerramento de jardins-de-infância no concelho de Lamego. É isto verdade na oposição que fizemos e na posição que agora tomamos, para a reposição imediata de todos os serviços públicos encerrados nos últimos anos, como os balcões dos CTT ou do banco público, ou ainda de tribunais, extensões de saúde, repartições financeiras ou segurança social. É isto ainda verdade, quando denunciamos a precariedade da cultura na região, o abandono do património histórico edificado e do património natural, o subfinanciamento do associativismo cultural e desportivo, o desinteresse pelos mecanismos de turismo sustentável e desenvolvimento ecológico numa região que, ainda é, património da humanidade. É isto verdade quando defendemos de forma intransigente a Casa do Douro e as gentes que arrancam com as suas mãos, desta terra o seu sustento, enfrentando a produção do grande capital vinhateiro, que assente no lucro provoca a sangria laboral e esvazia as aldeias, vilas e cidades durienses, dos seus pequenos e médios vitivinicultores, ou por fim quando propomos a construção de barragens que apoiem a produção agrícola local em Armamar ou Moimenta da Beira, da construção de uma rede de ETAR’s funcional e eficiente, da oposição que fazemos à privatização da água, direito básico e fundamental, ou da urgência de reflorestação imediata das áreas ardidas na última década e da natural reposição dos serviços florestais.
Camaradas e amigos,
São nestes exemplos e no seu conjunto, que retiramos uma conclusão repisada, no entanto, verdadeira. Não são as questões de saúde, educação, agricultura, trabalho, salários, mobilidade, natureza, cultura ou sustentabilidade, o que move os mandantes do país e do distrito. Não é o trabalhador, o estudante ou o pensionista a prioridade do capitalismo socialista, ou do liberalismo social-democrata. O seu foco é a conservação do sistema que lhes permite a manutenção da sua condição social e económica, indiferentes a que isso destrua o que os rodeia e que relegue à pobreza e à sobrevivência todos os outros, que não eles.
Não é, seguramente, com estes que podemos contar no caminho e no futuro que queremos construir. É com o PCP, que, veja-se, que de morto anunciado enche esta sala saudando Abril e as suas conquistas, saudando as gentes de Lamego, do Douro e do Distrito, saudando o Partido Comunista Português e o seu secretário-geral. É com este PCP que contamos. É com este PCP, que caminha com o seu povo e as suas gentes há quase 100 anos, sem traição ou desvios neste objetivo do bem-comum. E desta nossa história se fez democracia. É com este PCP, nestes tempos conturbados, de renovadas ondas cinzentas e bafientas, de novos perigos fascistas e fraudulentos, que contamos para manter esse processo democrático e lutar pela justiça laboral e social. Pela Igualdade. Pelo socialismo. Pelo homem-novo. Pelo direito a ser feliz. Pelo futuro e pelo direito a ter futuro.
E somos nós, todos, o partido, as suas estruturas, os seus militantes e os nossos amigos que connosco caminham, os obreiros desse futuro.
Viva o Partido Comunista Português.
Lamego, 7 de Dezembro de 2019