Foi uma sala repleta de crianças (quase duas centenas) que na manhã de ontem, recebeu a voz de Filomena Pires para contar um conto de Álvaro Cunhal.
O Auditório Carlos Paredes em Vila Nova de Paiva, foi mais uma casa de cultura que não quis deixar de se associar às Comemorações do Centenário de Álvaro Cunhal. Reconhecendo nesta figura ímpar da nossa história a concretização de valores democráticos, entendeu legar aos mais novos, sob a forma de Sessão de Conto, um exemplo de vida e de luta que se projecta na actualidade e no futuro.
“Sabem como se chama a história?” perguntava a contadora. Muito bem preparados pelos docentes que os acompanharam, as crianças prontamente disseram “Os Barrigas e os Magriços!”. Conheciam o tema e o autor do conto e não se inibiram de dar soluções para travar os Barrigas que tudo comiam sem nada deixar para os Magriços. Maltratados e com fome, mas unidos na vontade de mudar as coisas, os Magriços foram exemplo e lição de participação cívica e democrática, que estas crianças, entre os 4 e os 10 anos de idade, certamente guardarão na memória.
A música de Barata Moura e as ilustrações de meninos de Portimão deram mais cor e brilho ao espaço, animado ainda com a beleza de bolas de sabão esvoaçantes a alimentar o sonho de um mundo mais justo e mais humano. Também A Gaivota foi cantada em coro e ritmada pelas palmas infantis que assim manifestavam o agrado sentido.
No final, todos os meninos e professores se deslocaram a visitar a exposição patente no foyer. Ali ficaram a conhecer apontamentos biográficos e os desenhos da prisão da autoria de Álvaro Cunhal. Muito atentos às explicações dos seus professores, alimentados pela curiosidade mas também pelo gosto, os meninos comentavam: “Álvaro Cunhal esteve preso sete anos!” E foi um desenho da prisão que puderam levar para colorir usando as cores de Abril, mais tarde na sala de aula. À saída, um balão com cor de cravo para levar para casa e lembrar uma instrutiva manhã.