Os 280 trabalhadores do 3º turno do Centro de Produção de Mangualde do Grupo PSA Peugeot-Citroen cumpriram no final da semana a sua última noite de trabalho na empresa e foram despedidos. A Administração decidiu o encerramento do referido turno para “ajustamento da actividade produtiva” e, simultaneamente, procedeu ao despedimento colectivo, imoral, inaceitável e ilegítimo desses trabalhadores.
À sombra das alterações de “flexibilização” da legislação laboral, introduzidas sucessivamente pelos Governos PS e PSD/CDS e pela convergência destas forças políticas na Assembleia da República, a PSA de Mangualde tem vindo a agravar e refinar as medidas contra os direitos dos trabalhadores e de crescente exploração.
A PSA recorre regularmente ao “lay off” e à “bolsa de horas” que, a partir deste despedimento, irá de novo implementar aos sábados e feriados, com alargamento do horário de trabalho pago a ”singelo”, negando os suplementos a que os trabalhadores têm direito pelo trabalho extraordinário. E continua o aliciamento de trabalhadores efectivos para rescisão, para depois os voltar a contratar através da sua empresa de aluguer de mão-de-obra, com salários de miséria e sem os direitos que o Contrato Colectivo de Trabalho garante.
A PSA degrada constantemente os salários dos trabalhadores, cujo valor médio reduziu em certos casos para cerca de metade, enquanto os seus lucros permanecem elevados. Aliás, há poucos meses registavam mesmo um crescimento substancial, potenciado pela laboração do 3º turno, como a própria Administração reconheceu.
Com estes 280 despedimentos, a PSA mais não faz que agravar o caminho da exploração, da utilização dos trabalhadores como “carne para canhão”, como “excedentes descartáveis”, tratados sem qualquer preocupação nem respeito.
É exactamente para este efeito que o governo PSD/CDS e o grande capital querem a “flexibilidade” das leis do trabalho e a destruição da contratação colectiva - para maximizar os lucros e aumentar o desemprego, a precariedade e a exploração.
É uma situação intolerável, tanto mais que esta multinacional tem recebido avultados apoios do Estado português e da União Europeia, conforme se comprovou na resposta aos requerimentos do PCP na Assembleia da República e no Parlamento Europeu. Só o Governo PS/Sócrates entregou de mão beijada à PSA cerca de 30 milhões de Euros - numa primeira fase 8,6 milhões para garantir a laboração em Mangualde até 2013 e, a pretexto da “crise do sector automóvel”, mais 21 milhões. E a empresa recebeu ainda milhões de Euros da União Europeia, de “ajudas à formação” e “estímulos à modernização”.
À semelhança de outros governos ao serviço do grande capital, este executivo PSD/CDS tem o cinismo e a desfaçatez de “fechar os olhos” e ser conivente com a instrumentalização imoral e desumana dos trabalhadores pelos desígnios das multinacionais e dos interesses financeiros - obtenção do lucro máximo à custa dos salários, condições de vida e direitos dos trabalhadores.
O PCP apoia a luta dos trabalhadores da PSA Peugeot-Citroen de Mangualde, no quadro das suas organizações, do seu sindicato de classe e da CGTP-IN, em defesa dos seus postos de trabalho e dos seus direitos.
O PCP vai tomar a iniciativa, designadamente na Assembleia da República, para esclarecer e exigir a anulação destes 280 despedimentos do Grupo PSA de Mangualde, em defesa dos postos de trabalho e dos direitos dos trabalhadores.
Viseu, 27.07.2014
DORV e Célula da PSA Peugeot/Citroen do PCP