As recentes visitas ao Centro de Produção de Mangualde da PSA Peugeot-Citröen dos mais altos responsáveis da empresa e as suas intencionais declarações sobre a necessidade de redução de custo dos transportes e energia para viabilizar esta unidade, associadas ao encerramento do terceiro turno e à quebra natural da produção, deixavam antever a aproximação de “borrasca”.
As medidas agora anunciadas, são a aplicação sem rodeios da lógica intrínseca do capitalismo, de fazer do aumento da exploração dos trabalhadores a condição para o aumento dos lucros.
Estes administradores, que ainda recentemente fizeram aumentar os seus salários generosamente, não têm vergonha nem escrúpulos. Está nas contas da PSA, que os custos de produção em Mangualde são mais baixos do que em Espanha e França, por força da enorme diferença salarial existente.
Então porque se propõem consumar, para além dos 80 despedimentos, a redução em 5% dos salários dos trabalhadores, o corte dos prémios de assiduidade e produtividade, a utilização indiscriminada e sem limites da bolsa de horas, com o consequente não pagamento do trabalho extraordinário pelos valores legais? É óbvio, se não for preciso pagar salários aos trabalhadores, se a regra for o trabalho escravo e sem direitos, os custos de produção serão imensamente mais baixos e os lucros imensamente maiores.
O que se está a passar no Centro de Produção de Mangualde da PSA Peugeot-Citröen é o resultado directo das políticas anti-laborais, de desvalorização dos salários, de desregulação dos horários, do roubo de direitos, executadas contra os trabalhadores e a favor das multinacionais e dos grandes grupos económicos, iniciadas com o Governo PS/Sócrates e aprofundadas desde há três anos pelo Governo PSD/CDS.
Nesta visita de “beija-mão” a Paris, terá sobrado algum tempo a Passos Coelho para se preocupar com os problemas dos trabalhadores da PSA, levando-o a questionar “Monsieur Tavares” sobre a aplicação destas penalizadoras medidas em Mangualde? Ter-se-á lembrado de lhe perguntar pelos 28 milhões de euros que o Centro de Produção de Mangualde recebeu do Governo PS e PSD/CDS, mais as centenas de milhares que vieram da UE e que pressupunham a manutenção dos postos de trabalho e o rendimento dos trabalhadores? Estas pertinentes questões não estiveram na agenda das preocupações do PM, mas vão estar na ordem do dia da intervenção do Grupo Parlamentar do PCP que, mais uma vez, vai interpelar com caracter de urgência, o Ministro do Trabalho e o Ministro da Economia sobre este escandaloso atentado à soberania nacional e aos direitos dos trabalhadores portugueses.
É preciso parar esta política criminosa. Há alternativa para esta afronta aos direitos de quem trabalha, para este empobrecimento contínuo. Essa alternativa é a política patriótica e de esquerda que o PCP propõe. Uma política que pretender inverter o actual rumo de desastre, valorizando os salários, as pensões e os direitos de quem trabalha.
Mangualde, 13/01/2015