O Passeio das Mulheres CDU, iniciativa anual promovida pela Organização da Cidade do Porto do PCP, contou com a presença de largas centenas de participantes.
O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, aconselhou neste domingo o Governo a largar o “pacto de agressão” que tem em curso e a renegociar a dívida portuguesa “nos prazos, nos montantes e nos juros”.
Ao intervir, à tarde, num convívio das mulheres da CDU, na praia fluvial
de Porto de Rei, Resende, Jerónimo de Sousa respondeu ao
primeiro-ministro, Passos Coelho, que sábado desafiou a oposição a dizer
quanto é que quer que se corte na saúde e na educação para substituir a
poupança gerada pela suspensão do 13.º e do 14.º mês.
“Nós dizemos qual é a alternativa: abdiquem, larguem esse pacto de agressão, rompam com ele, renegoceiem a nossa dívida nos prazos, nos montantes e nos juros. Façam uma política de investimento na criação de riqueza, pondo o nosso país a produzir na agricultura, nas pescas, na indústria e nos recursos naturais”, respondeu o líder comunista.
Jerónimo de Sousa sugeriu ainda que, como “a banca é um problema”, seja
nacionalizada e fique “ao serviço dos portugueses e não dos accionistas e
dos seus banqueiros”.
Na sua opinião, os governantes portugueses devem ainda devolver “o que
roubaram aos trabalhadores, aos reformados e aos pensionistas” e
respeitar “os direitos de quem trabalha”, não apenas por uma questão de
justiça social, mas também económica.
“Hoje vemos os pequenos e médios comerciantes, os pequenos e médios
industriais, a irem à ruína porque lhe aumentaram o IVA. Particularmente
na restauração, meteram-lhe a corda na garganta”, lamentou.
No entanto, ao problema do IVA junta-se outro: “Não têm clientes, porque se os trabalhadores e os reformados não têm dinheiro não podem comprar”.
Jerónimo de Sousa disse saber que esta é uma proposta que Passos Coelho
não aceitará, porque “está do lado do capital” e dos poderosos.
“Ele não é incompetente, ele sabe o que está a fazer. Fez uma opção, pôs-se do lado dos poderosos contra os mais fracos, pôs-se do lado do grande capital contra os trabalhadores”, criticou.
O secretário-geral do PCP disse ainda que outra medida que o Governo
devia tomar, “em vez de Passos Coelho pensar logo em cortar no décimo
terceiro mês ou no subsídio do férias do sector privado”, era “atingir
os seus, as grandes fortunas, os grupos económicos, aqueles que hoje têm
carros de luxo, iates, aviões e fortunas abissais”.
“Vá buscar dinheiro onde o há e não vá buscar aos trabalhadores, que já não há possibilidade de fazer face à vida”, exortou.