O investimento nas freguesias foi escolhido para abrir esta Informação à Assembleia e logo com um conceito absolutamente inovador que dá pelo nome de “inauguração de empreitadas”. Já tínhamos a política do anúncio de obras “boomerang” ou “yo-yo” por regressarem todas sucessivamente ao ponto inicial, isto é, à estaca zero, mas “inauguração de empreitadas” é de se lhe tirar o chapéu. Brilhante.
Também ficámos a saber que “investimento nas freguesias” pode ser repavimentar uma estrada, mesmo que ela sirva maioritariamente todos os automobilizados e utilizadores que por ela passam, que não os das freguesias que a bordejam, como é o caso da estrada de acesso ao Parque Industrial de Coimbrões.
Irresistível continua a ser nesta “informação” o fascínio pelos números e pela descrição minuciosa de cada empreitada a inaugurar, tudo até ao mais pequeno detalhe, mesmo que a morbidez da obra o dispensasse, como é a situação do Cemitério de Vila Chã de Sá: perante a crueza da informação, que me transporta para a obra de Dias Gomes e a mítica Paraguaçu, desejo sinceramente que as 211 campas, seis jazigos e 18 gavetões a construir na empreitada a inaugurar no Cemitério de Vila Chã de Sá, para bem dos seus habitantes, demorem, pelo menos, cem anos a ser preenchidos.
Mas este pormenor com que se descreve cada prometido investimento choca flagrantemente com a falta de resposta aos Requerimentos que formal e legalmente tenho dirigido ao Executivo, nomeadamente sobre a quantificação das transferências efectivas canalizadas para as freguesias. Ainda para mais sendo uma matéria em que o executivo pode brilhar. É um direito dos eleitos, consagrado no estatuto do Direito de Oposição, terem acesso a informação detalhada sobre a gestão municipal, para poderem exercer com objectividade o seu papel de fiscalização dos actos do Executivo. Tal como é obrigação legal dos organismos do Estado, incluídas as autarquias, responder às missivas ou Requerimentos em 30 dias. Menos em Viseu, já se vê!
Sobre a água, Saneamento e a Barragem de Fagilde, valorizar o trabalho desenvolvido, não sem registar que apenas nos são reportados casos (Barreiros e Vilar de Ordem) de requalificação de ETARs. Nesse investimento de 3 milhões, não há novas ETARs a construir? Aproveito para perguntar qual o ponto de situação da Fossa Séptica de Silgueiros e para quando está previsto levar o saneamento à Rua da Floresta, em Rio de Loba, há muito reclamado pelos moradores? Quanto à Empresa Águas de Viseu, nem uma palavra. Estamos a 17 de Setembro. Lembram-se daquela urgência inadiável para justificar a reunião extraordinária a 1 de Agosto? Tão previsíveis…
Visitei há dias o Jardim de Santo António e pude confirmar o bom trabalho que foi feito na recuperação dos azulejos dos bancos. A propósito, logo me chamaram a atenção para o não funcionamento das casas de banho ali existentes, que dizem, seriam muito úteis para quem frequenta o Jardim ou aguarda o autocarro. Espero que entretanto o problema tenha sido solucionado. Voltando à recuperação dos azulejos, pena que esta preocupação de cuidar e preservar o património municipal não obedeça a um plano geral de levantamento de todos os monumentos, na cidade e nas freguesias, de modo a permitir uma estratégia global de intervenção e conservação. Alguém há dias me alertou para o estado de abandono em que estão as Fontes de Santa Cristina, mal sinalizadas, sujas, com deficiente iluminação, o que torna perigosa a sua visita à noite e sem qualquer elemento sinalético nos arredores que evidencie a sua existência. Também uma pequena Fonte no Largo Pintor Gata, em frente à Capela, merecia que fosse reposta a água na sua bica, criando essa singularidade natural numa zona tão frequentada por turistas.
A autorização do tribunal de Contas para a intervenção nas ruas João Mendes, Soar de Cima, Cónego Martins e Largo Almeida Moreira, são de facto boas notícias. Depois de tantas vezes anunciadas, acabaram os pretextos para o seu adiamento. Com efeito, muitas outras zonas da cidade necessitam de intervenção urgente e uma atenção redobrada com o bem-estar dos seus moradores. Fui contactada recentemente por moradores dos Edifícios Viriato, que me reportaram a sua preocupação com as alterações projectadas para a circulação de viaturas nas imediações da Escola Grão Vasco. Temem os residentes que o novo desenho para a circulação de veículos na zona referida crie uma situação de enclausuramento rodoviário a que já estiveram votados em tempos. Estes moradores consideram que deve ser equacionada uma solução estrutural de fundo, que aponta para uma saída directa para Circunvalação.
Mas estes residentes, queixam-se ainda da perda acentuada de lugares de estacionamento, decorrente do facto de o bairro estar a ser utilizado para parqueamento de veículos de empresas de aluguer de viaturas que ali se instalaram e da falta de contentores selectivos de lixo, situação que se estende à Av. 25 de Abril. A empresa ferrovial devia fazer recolhas mais frequentes em áreas residenciais pois os contentores instalados não dão resposta às necessidades existentes. Também os moradores da Rua que sobe de Stª Cristina para a Universidade Católica se queixam da deficiente iluminação da Rua, sobretudo nos locais onde há árvores, mais acentuado no lado direito de quem sobe. Deixo os alertas.
Sobre a entrada em circulação dos novos autocarros, que incorporarão o futuro MUV, uma pergunta elementar se impõe: o “evidente desgaste e falta de condições da frota afeta à atual concessão”, (fim de citação), só se verifica nos últimos dois meses? Que foi feito das reiteradas denúncias de utentes sobre as más condições gerais dos STUV? Não era obrigação contratual da Empresa Berrelhas trazer em circulação autocarros devidamente adequados em termos de comodidade e segurança em todas cas linhas? E só vão entrar em circulação os novos autocarros? E a adequação dos horários e das linhas às necessidades das populações, a ligação às freguesias urbanas, periurbanas e rurais, não são igualmente importantes? Essas não são urgentes? Estamos perante mais uma história mal contada. Necessidade de melhores autocarros já se verifica há anos e a Câmara nunca impôs essa obrigação à Berrelhas, a entrada em uso dos veículos que estão destinados ao MUV, sendo importante para os passageiros, não deixa de ser uma forma de pôr a justiça perante factos consumados, influenciando a sua decisão final sobre o recurso apresentado para a impugnação do concurso.
A Feira de S. Mateus não tem “626 anos de vida…”. Foi realizada pela primeira vez há 626 anos, segundo rezam as crónicas, tendo sofrido vários interregnos ao longo dos séculos, alguns com dezenas de anos. Isto parece um pormenor, mas não é, pois com a mesma candura e falta de rigor se constrói a mistificada propaganda municipal.
A Feira é sem dúvida um importante cartaz turístico do concelho e da região (há até quem diga que é o Festival de Verão mais longo de Portugal) que justifica plenamente o avultado investimento na divulgação generalizada em todos os meios de comunicação social e nos outdoors pelas principais estradas do País.
Só que estas coisas da promoção turística tem de incluir o tratamento adequado e a informação dos locais a visitar. Por vezes, de tanto se olhar para cima, para os milhões de visitantes, para os artistas, para o investimento milionário, esquecem-se coisas de pormenor como repor a placa informativa junto à Janela Manuelina, na Rua da Cadeia, vandalizada há vários meses. Cansada de tanto esperar pela reposição, uma comerciante do local puxou da criatividade e improvisou num cartão manualmente escrito, que diariamente coloca por debaixo do monumento referido, e que eu não resisto a mostrar, com a singela indicação: “JANELA MANUELINA”. Como diria o poeta, “a vida é feita de nadas…”
Viseu, 17 de Setembro de 2018.
A Eleita da CDU na Assembleia Municipal de Viseu
Filomena Pires