Sobre a proposta em concreto, apraz-me dizer que nada tenho contra as ecopistas, as ciclovias, os percursos pedestres e demais equipamentos que ofereçam condições e motivação aos cidadãos para caminhar, pedalar ou praticar exercício físico, bem pelo contrário. O que me preocupa e me leva a intervir é a solução facilitista, que a CIM Dão Lafões, em primeiro lugar e os municípios subscritores, depois, engendram para ocupar o espaço deixado pela antiga Linha de Caminho de Ferro do Vouga. É uma solução de vistas curtas, que alinha nesta espécie de fetiche pretensamente cheio de modernidade ambiental, de colocar “Ecopistas” em cima de antigas linhas de caminho ferro. Instalar um piso de tartan ou outro, é, com certeza, a solução mais fácil e vistosa e de imediata adesão popular. Mas não é a que melhor serve a região, o seu desenvolvimento económico e a fixação de pessoas.
De um Município que quer liderar a região, como é o de Viseu, esperava-se uma visão arrojada e de futuro, liderante e audaciosa, como seria a de defender a reconstrução da Linha do Vouga, pelo antigo ou por um novo traçado e não este alinhamento acrítico com visões terceiro mundistas para a região, confinadas à construção de uma Ecopista do Vouga.
Tendo como base a valorização do potencial turístico da região, com rios, termas, serras, monumentos históricos, museus, paisagens únicas, gastronomia singular, oferta cultural genuína e diversificada, o que importa garantir são meios de mobilidade das pessoas e turistas entre os diferentes municípios do Vale do Vouga e para isso era necessário instalar um metro de superfície até Oliveira de Frades, pelo menos, com funções mistas para servir o turismo e as populações.
Criar um circuito integrado regional que englobe toda a oferta turística existente na região Dão/Lafões é decisivo para inverter os terríveis indicadores de desertificação que assolam todos estes concelhos. É necessário ter coragem para ver mais longe do que o traçado sinuoso da ecopista, sem medo de ser alvo da incompreensão momentânea do imediatismo.
A recuperação da Linha do Vouga, não seria a ligação que Viseu ambiciona de ligação à rede ferroviária nacional, mas seria um complemento inestimável para o futuro da região, como o foi o funcionamento da ligação Sernada/Viseu até 1990, vítima indefesa dos teóricos economicistas, que agora fazem juras de amor indefectível pelo interior.
Pelas razões apontadas, votarei contra esta proposta.
Viseu, 22 de junho de 2018
A Eleita da CDU na Assembleia Municipal de Viseu
Filomena Pires