Embora mais moderada e menos encomiástica, mesmo assim a informação que nos traz contém os traços basilares dos grandes desígnios do mandato, a começar pela “solidez financeira”. Sobre esta matéria o País tem abundantes exemplos de “boa gestão e solidez financeira, de cofres cheios”, mas que deixaram o território vazio de investimento necessário à resolução de problemas elementares, para a elevação da qualidade de vida do povo.
Sobre o eminente começo das almejadas e mais que justas obras na Escola Grão Vasco, diz a informação que é “uma conquista colectiva”. O que parece um pouco usual assomo de modéstia, traduz de facto uma realidade em que a Câmara andou sempre a reboque das iniciativas da comunidade escolar, dos partidos políticos e de outras instituições e teve de assumir tardiamente, responsabilidades (que são deste e de anteriores governos, é verdade,) ditadas pela urgência e pertinência que as obras impunham. Se o preconceito e a cegueira política não tivessem imposto a recusa da proposta da CDU feita nesta Assembleia, que agora a Câmara teve de adoptar, as obras na Grão Vasco e na Escola Secundária Viriato já estariam concluídas.
Ufana-se também o Senhor Presidente com as “reparações e melhorias” que vai realizar em três dezenas de escolas da responsabilidade do município. Quem ler e não souber, até pode pensar que não é obrigação da Câmara fazê-las. A admiração é porquê só agora, ao fim de quatro anos? Não foi, com certeza, por falta de “solidez financeira”. Espero que nessas três dezenas, esteja a Escola Rolando Oliveira, de Stº Estevão, que não tem espaço para as AECs, onde no Verão o calor é insuportável e no Inverno se inverte a situação, onde falta um recreio coberto. Ainda a propósito das escolas, desta feita as devolutas, era bom saber em que Regulamento municipal se baseia a sua atribuição. Foram-me transmitidas insatisfações de colectividades de Barbeita e de Passos de Silgueiros relativamente ao não provimento dos seus pedidos.
Parque de Santiago. Tergiversando sobre a “parábola” de Aquilino, a propósito do seu Romance a Casa Grande de Romarigães, em que conta a arte de um seu conterrâneo que queria fazer um “gamelão” para os porcos e lhe saiu uma guitarra. Assim aconteceu ao anterior executivo, que concebeu um espaço para a Feira Semanal e saiu-lhe um Parque Urbano. Só podemos louvar o bom senso da opção. O actual executivo, na linha do que vem fazendo com outros equipamentos, recauchutou o espaço, para o apresentar como obra sua. A quem doer que se queixe. Da minha parte, apesar de não gostar de determinadas opções paisagísticas adoptadas, reconheço mérito na obra realizada. Só me entristece que a valorização do Parque de Santiago seja feita em detrimento do natural espaço verde e pulmão da cidade, o Parque do Fontelo, onde as prometidas obras de valorização, reabilitação e inventariação do património arbóreo, reclamadas pela CDU e por outras forças políticas, ficaram na prateleira. Os frequentadores do Fontelo, onde me incluo, registam a degradação contínua do espaço. Nem tudo é mau. Denunciámos a retirada inusitada dos aparelhos para exercício físico junto aos balneários. A denúncia foi ouvida pois, passado algum tempo voltaram a ser recolocados.
Uma longa dissertação para justificar o ter votado contra as contas da CIM. Apesar disso, ficamos sem saber se os “activos” foram ou não incluídos. Do que não tenho dúvidas é de que o voto do Município de Viseu seria favorável às contas, se o Presidente da CIM fosse da “casa”.
Salva-se nesse exercício, a declaração de fé na “intermunicipalidade”, contra a lógica da “supramunicipalidade”, com a qual estou de acordo. Só não percebo porque não convenceu o seu Governo e o Ministro Relvas a adoptar esse princípio.
Onze empreitadas para levar água e saneamento a mais de um milhar de munícipes. É caso para dizer, finalmente! Tudo o que seja levar qualidade de vida às populações é positivo. Foi sempre essa a intenção da CDU, quando trouxe a esta Assembleia situações concretas de populações com falta deste bem essencial. Na altura, o Senhor classificou os nossos alertas de “verruguinhas”. Em boa hora o município decidiu erradicar as “verruguinhas”, porventura com receio que chegassem a “varizes” ou a “tromboflebites”. Apenas uma chamada de atenção para as percentagens de taxa de cobertura de água e saneamento no concelho. É que já eram de 98% e 99% antes destas empreitadas. Por este andar, não tarda teremos taxas de cobertura de mais de 100%, continuando a existir no Concelho populações sem usufruto de água e saneamento público.
O tema da segurança é trazido à informação por Vª Exª, para nos dar conta de três coisas essenciais. A primeira é o anúncio da informação que lhe foi dada pela Srª Ministra, de que vai haver reforço de meios humanos a partir de Julho próximo, no Comando Distrital de Viseu. Curiosamente, a Sr. Ministra também prestou essa informação em resposta ao questionamento do Grupo Parlamentar do PCP, acrescentando, que a breve prazo também haverá um reforço de viaturas e de logística necessárias a um bom desempenho dos agentes, na sua missão de protecção de pessoas e bens. A segunda é para enfatizar o pagamento pela autarquia de vigilância policial suplementar no Centro Histórico. É pena essa vigilância não se verificar depois das quatro da manhã, hora a que muitos bares encerram e o barulho na via pública, a vandalização de equipamentos urbanos e até de viaturas têm lugar. A terceira anuncia a solução da videovigilância para zonas problemáticas, nomeadamente para o Bairro de Paradinha. É a típica fuga para a frente, por incapacidade de ir à raiz do problema, como já hoje aqui demonstrei. Pensa o Senhor que os meliantes não sabem como evitar, para não dizer, destruir os aparelhos de videovigilância? Policiamento eficaz, sem repressão. Integração sem estigmas nem caridadezinha, são a solução.
Sobre o Centro Hospitalar Tondela Viseu, folgo em saber que agora o Município e Vª Exª estão sem hesitações pela instalação neste equipamento regional de saúde pública da unidade de radioterapia. É que houve tempo que para o Senhor “tanto lhe fazia ficar no público ou no privado, o que era preciso era que viesse”. Depois houve o 4 de Outubro e tudo mudou desde então. Mudam-se os tempos… como dizia o poeta. No entanto, não prescinde de um registo escrito sobre a sua desconfiança profunda em relação à bondade do governo sobre a matéria. Que pena não ter estado assim tão atento e vigilante quando aconteceram aqueles malfadados atrasos que impediram a candidatura.
Por fim, partilhar o regozijo de Vª Exª, pela brilhante menção honrosa, uma das quatro, obtidas pelo Estande de Viseu na BTL 2017. A “cidade região” ficou eufórica com a “menção honrosa” conquistada. E não é para menos. É que só fomos ultrapassados por cidades região muito maiores, Pampilhosa da Serra, do Pinhal Interior (cuja população é menor do que a da Freguesia de Ranhados). Brilhante! Para justificar os rios de dinheiro gastos no evento com o “marketing territorial” e o “flop” do “2017 Ano Oficial para Visitar Viseu” bem podiam arranjar um alibi mais convincente.
Viseu, 26 de junho, de 2017
A Eleita da CDU na Assembleia Municipal de Viseu
Filomena Pires