Segundo os critérios de avaliação utilizados pela Entidade Reguladora de Saúde (ERS), o Hospital de S. Teotónio, de Viseu, obteve pontuação máxima em várias áreas de desempenho. Porém, esse reconhecimento feito aos profissionais competentes de todas as áreas que ali trabalham, esconde uma crua realidade traduzida na grave falta de recursos humanos ao nível de médicos, enfermeiros e pessoal auxiliar, a falta de equipamentos essenciais para respostas mais eficazes e abrangentes em várias valências, a exiguidade e inadequação do espaço das urgências.
Nas urgências chega a haver apenas 3 auxiliares para 400 utentes!!! Só não há situações de ruptura devido à disponibilidade total de médicos, enfermeiros e auxiliares.
No serviço de neurocirurgia há 1 médico da especialidade a tempo inteiro e alguns a tempo parcial quando devia de haver 4. Sublinhe-se que este serviço é dos que mais utentes atende devido aos acidentes de viação, de trabalho e domésticos.
O serviço de urologia está à beira da ruptura em todos os sectores: médicos, enfermeiros e auxiliares.
No serviço de oncologia o volume de doentes em algumas patologias é semelhante ao do CHU de Coimbra: há todos os anos mais 1.000 doentes (cólon/recto + 200/ano; esófago / estomago + 100/ano; mama + 200/ano; próstata não há capacidade para tratar e vão para Coimbra). Devia de haver 4 médicos da especialidade e há 2.
A par das dramáticas carências em pessoal e equipamentos, impõe-se igualmente como decisiva para a prestação de mais e melhores cuidados de saúde no Hospital de S. Teotónio, ampliar e adequar às necessidades o espaço das urgências.
Imperioso para responder com mais eficácia, mais comodidade para os utentes e menos custos para o Estado é a existência de um novo espaço físico autónomo para oncologia, com a instalação da radioterapia.
A não existência da radioterapia em Viseu, implica a deslocação de todos os doentes a e/ou para Coimbra, com os inconvenientes económicos, de bem estar e de eficácia médica que isso implica. Neste momento há dezenas de doentes que por razões de distância e de horários preferem pagar do seu bolso os transportes e mesmo a instalação. Este serviço só não é criado porque há fortes pressões dos grupos económicos privados do sector da saúde. A sua criação seria uma mais valia extraordinária para este hospital.
Estas respostas dependem apenas de vontade política.
Deixou de se falar da extinção do serviço de cirurgia pediátrica no Hospital de S. Teotónio, mas o problema está vivo. A causa última para proposta de extinção deste serviço radica no facto de o novo Hospital Pediátrico de Coimbra estar sobredimensionado e, portanto, necessitar de utentes. É caso para dizer: as crianças de Viseu não contam!
Em face desta preocupante realidade e considerando o papel decisivo que o Hospital de S. Teotónio e o Centro Hospitalar Tondela/Viseu assumem para a saúde e qualidade de vida de centenas de milhares de utentes destes serviços, a Assembleia Municipal de Viseu, vem reclamar junto do Senhor Ministro da Saúde o reforço urgente de meios humanos, de equipamentos e de instalações, para garantir a resposta necessária a todos os utentes e a defesa do Serviço Nacional de Saúde.
Viseu, 27 de Fevereiro de 2015
A Eleita da CDU