Meia dúzia de iniciativas, da recente actividade da Junta, destaca o senhor Presidente na informação que nos fez chegar: o apoio à iniciativa “Outono Quente”, o Mercado “Indo Eu”, o 1º Aniversário da anexação das Juntas de Freguesia de Viseu, o Orçamento Participativo e a Acção Social.
De todas elas, queria tecer alguns comentários a duas: à dita Acção Social protagonizada pela Junta e ao tão badalado Orçamento Participativo.
Já o disse aqui várias vezes. A Junta, com a sua atitude caritativa não resolve nenhum problema de fundo das pessoas que diz querer ajudar. Quando muito cria-lhes a ilusão de que tudo se resolve, com uns quilos de arroz ou com o pagamento pontual de uma factura da água ou da luz. Por outro lado, a Junta interfere indevidamente na acção das instituições (IPSS) que, essas sim, estão vocacionadas e com competência técnica e legal para intervir de forma permanente e organizada no apoio aos mais necessitados. Sabe Senhor Presidente, é que a situação a que as pessoas chegaram decorre das políticas implementadas pelo seu partido que fizeram disparar o desemprego, o trabalho precário, a desvalorização dos salários. Que aumentaram brutalmente os cortes nos apoios sociais. O recurso a programas de cariz assistencialista, baseados no pressuposto que cabe às autarquias serem dinamizadores de acções desse tipo, são um logro e contam-se como exemplos duma acção, que aparentando ser justa, mais não visa que complementar o roubo que tem sido feito aos trabalhadores e ao povo com a ideia de que, com a dose certa de assistencialismo, é possível passar pela crise e sobreviver. Naturalmente, em nenhum momento são questionados os eixos centrais de uma política que dá aos mais ricos para tirar aos mais pobres.
Sobre o Orçamento Participativo - Nesta informação que nos foi distribuída, dá-se conta do Orçamento Participativo, no seu processo de lançamento e apresentação de propostas pelos munícipes.
Lamenta-se o senhor Presidente de que as propostas foram em número inferior ao esperado.
Sabe Senhor Presidente, as pessoas começam a perceber que se trata apenas de um simulacro de participação popular e não de um verdadeiro processo de democracia directa e participativa.
Apesar disso, quero antecipadamente louvar e manifestar a minha admiração a todos os cidadãos que enviaram propostas impelidos por consciência cívica.
Chamar os cidadãos à participação, Senhor Presidente, era ouvi-los sobre a totalidade do Orçamento da Freguesia, era realizar reuniões públicas em todos os bairros para auscultar a opinião dos fregueses. Era respeitar integralmente o que é dito e decidido nesta Assembleia. Tudo o resto é populismo e demagogia.
Uma última palavra para condenar esta política da suposta “parceria”, do “protocolozinho”, do agarrar-se a todo o bicho careta que venha à Junta fazer uma proposta. Isto evidencia a falta de estratégia e de ideias da Junta, para dinamizar a Freguesia. “Desperdício Zero”? Então o Senhor Presidente não considera que os cidadãos carenciados da nossa Freguesia têm direito a alimentar-se com comida em primeira mão? Então por serem pobres estão condenados a comer os restos que sobram aos que têm em demasia? Mais uma vez uma Associação completamente desconhecida na freguesia como é a “Kriscer”, propõe-se recolher restos de comida para distribuir aos pobrezinhos e a Junta trata logo de fazer uma parceria. É lamentável e preocupante.
Viseu, 6/12/2014
O Eleito da CDU
João Serra