Minhas senhoras, e meus senhores, camaradas, companheiros e amigos,
Fruto talvez da minha formação filosófica as palavras surgem-me antes de mais na forma de pergunta: porquê e para quê aceitar o desafio de ser candidata, porquê e para quê ser candidata CDU, ser candidata a uma assembleia municipal, à Assembleia Municipal de Viseu?
Quando tantos cidadãos portugueses hesitam em se entregar à causa da intervenção democrática e mesmo da intervenção cívica, descrentes da vitalidade da nossa democracia, desiludidos perante o rumo que os partidos do nosso desgoverno têm dado aos actos políticos, o que pode levar alguém como eu, mulher e cidadã, moradora numa cidade conhecida como cavaquistão e tantas vezes percebida como asfixiante no défice democrático que todos sentimos, a assumir a responsabilidade inerente ao facto de dar rosto a um colectivo fantástico designado “Coligação Democrática Unitária”, na qual muitos independentes e militantes partidários se unem, para dar voz a um projecto?
Antes de mais o propósito, a postura singular e única desta força resistente e crente, a coerência e persistência feitas ação, combate e luta, contra a injustiça social e a desigualdade, contra as políticas desumanas que se abatem sobre nós e que vão do Terreiro do Paço à Praça da República em Viseu, consubstanciando-se numa política centralista que sonega a participação criativa dos cidadãos e ainda mais das cidadãs.
Dirão que a política da capital nada tem de relação com a local. Pura falácia de quem teme submeter-se ao sufrágio, à expressão mais objectiva de que a democracia é capaz: a clareza do voto ainda que condicionado por exercícios caciqueiros do poder, ainda que moldada por entendimentos pouco democráticos do que é exercer o poder, o que é o serviço público, o que é “política” na sua essência mais pura mas nem por isso mais utópica.
Tomemos um exemplo: decorre no parque da cidade a feira do livro. Sabeis vós qual o horário de funcionamento da mesma? Tereis vós tropeçado na programação em agenda, ao passar por qualquer rua central da cidade? Tereis tido acesso a uma agenda cultural que circule pela cidade informando, formando e motivando o consumo cultural? Mesmo o sítio da internet camarário não oferece informação satisfatória nesta matéria (e sabemos bem os valores da info-exclusão!). Um exemplo apenas da ausência total, por parte do executivo camarário em funções, de estratégia política que responda ao estipulado na Constituição da República democrática em que vivemos. Nesta como noutras matérias, falta sensibilidade às populações, falta política verdadeiramente democrática, falta democracia no sentido mais humanista da palavra, o único sentido capaz de justificar a existência de uma Praça da República em Viseu.
Dirão certamente que o poder instituído se prepara para mudar e o novo ocupante da Praça da República, outras políticas poderá trazer. Com todo o respeito que me merecem outras forças políticas, candidatas em Viseu, pergunto, eu, habitante desta cidade, onde estiveram todos estes anos, que políticas culturais defenderam na Assembleia da República e no governo, que opções tomaram na Assembleia Municipal de Viseu e no seu executivo onde os seus representantes tiveram assento.
No que à CDU respeita, conheço, não pela comunicação social, demasiado discreta a noticiar acções e iniciativas deste quadrante político, mas por vias menos sancionáveis, a acção que os rostos que a integram têm desenvolvido em prol da melhoria das condições de vida das populações de Viseu, da proximidade que mantêm aos problemas concretos das pessoas, à entrega e disponibilidade que têm mostrado na organização da luta que essas populações têm encetado pelo direito à saúde, ao trabalho com direitos, contra o encerramento de escolas, contra o encerramento de serviços públicos, contra as portagens, pela igualdade entre os homens e as mulheres, pela inclusão das pessoas especiais e tantas outras acções aqui inumeráveis.
Da CDU conheço os exemplos de excelente trabalho autárquico, realizado pelos seus eleitos nas assembleias e enquanto membros de órgãos executivos. Bem perto de nós, Real no Concelho de Penalva do Castelo, ilustra o que é fazer política no âmbito deste projecto. Outros exemplos do nosso Distrito poderiam também ser aqui citados.
E mais não seria necessário para que eu dissesse SIM, podem contar comigo! E podem contar com a CDU as mulheres de Viseu a cujos problemas temos procurado dar voz, podem contar com a voz da CDU as pessoas portadoras de deficiência, podem contar com a CDU as forças culturais de Viseu, podem contar com esta voz os jovens e os idosos, podem contar com a nossa denúncia as aldeias, afastadas do Rossio pelos urbanos amores-perfeitos, onde não se inscreve a falta de água ao domicílio ou o saneamento básico.
E não se iludam os partidos com responsabilidades governativas: estaremos presentes, antes e depois das eleições, para dar combate a políticas que apenas contribuem para desertificar o nosso distrito e enfernizar a vida dos viseenses.
É preciso não esquecer que o ataque ao poder local concretizado na extinção de um número significativo de freguesias, também em Viseu, não está desligado do caminho escolhido pelos partidos de direita que estão no poder central. Nunca umas eleições autárquicas estiveram tão ligadas às questões gerais do país. A ofensiva contra o Poder Local é parte integrante do processo de exploração e empobrecimento, limitação democrática, saque fiscal, restrição de políticas públicas que o governo tem em curso. Uma ofensiva contra as populações, os seus direitos, as suas condições de vida, a sua dignidade.
É na CDU e no seu reforço que os portugueses têm a oportunidade mais sólida de olhar com confiança para o futuro do seu país e das suas vidas.
Por tudo isto é com a CDU que estou e assumo a responsabilidade de lutar onde estiver contra este rumo desumano que PS, CDS e PSD, insistem ser único, ignorando propostas alternativas.