Minhas senhoras, e meus senhores, camaradas, companheiros e amigos,

A CDU apresenta hoje os seus primeiros candidatos à Câmara e à Assembleia Municipal de Viseu. Eu próprio serei o primeiro candidato à Câmara Municipal e a minha camarada Filomena Pires será a primeira candidata à Assembleia Municipal.

Aceitei, portanto, o convite do PCP e do PEV para ser o primeiro candidato da CDU à Câmara Municipal de Viseu nas próximas eleições autárquicas.

Vamos travar este combate eleitoral com dois grandes objetivos:

- continuar a contribuir para uma mudança de política no plano nacional e derrotar o pacto de agressão que tem vindo a empobrecer os portugueses e o país;

- levar a voz da CDU aos órgãos das autarquias do concelho de Viseu contribuindo também dessa forma, para elevar o bem estar e a qualidade de vida de todos os viseenses.

Um objetivo não está primeiro que o outro. Estes dois objetivos estão interligados. Sem o derrube do governo e uma mudança de política não é possível mobilizar investimentos públicos centrais para acudir às necessidades em infraestruturas e equipamentos essenciais às populações. Sem eleitos da CDU nos órgãos autárquicos do concelho de Viseu, os interesses das populações continuarão a ser esquecidos e a ficar á porta desses órgãos.

Bem sabemos que não é nas eleições autárquicas que está a solução para a mudança de política que os portugueses reclamam. Essa mudança exige a demissão do governo e a convocação de eleições legislativas antecipadas. Mas, também é verdade que o resultado das eleições autárquicas contribuirá para alcançar esse objetivo. Um bom resultado eleitoral da CDU ajudará a remover este governo e contribuirá decisivamente para uma mudança de política. Por outro lado, o concelho de Viseu e os viseenses merecem autarquias (Câmara, Assembleia Municipal e Juntas de Freguesia) que contribuam para que se viva melhor na nossa terra.

O concelho precisa de autarquias que se envolvam no combate em defesa da criação da Universidade Pública de Viseu. No passado, assistimos ao habitual e triste espetáculo em que os partidos que têm rodado no poder são a favor da criação da Universidade Pública de Viseu quando estão na oposição e passam a ser contra quando chegam ao poder. Pela nossa parte assumimos sempre e com clareza a defesa da criação da Universidade Pública de Viseu enquanto instrumento e fator de desenvolvimento desta vasta região. Assumimos sempre esse combate nas ruas e na Assembleia da República com a apresentação de vários projetos de lei. Na Câmara e na Assembleia Municipal a CDU continuará a defender a criação da Universidade Pública de Viseu.

Viseu precisa de órgãos autárquicos que assumam a luta contra as portagens como uma questão estratégica para os cidadãos e as empresas desta região. Não é aceitável a passividade com que, no concelho e no distrito, com raras exceções, PSD, PS e CDS continuam a pactuar com este ataque aos interesses da região. Será que a Câmara de Viseu não podia nesta matéria fazer mais do que umas piedosas declarações ou subscrever uma petição dirigida à Assembleia da República? Claro que podia e devia. Pela nossa parte aqui afirmamos que continuaremos essa justa luta contra as portagens na rua e nos órgãos autárquicos para os quais os cidadãos do concelho decidam eleger candidatos da CDU. De igual forma nos bateremos que construção da autoestrada de ligação a Coimbra e pela efetiva melhoria da Estrada Nacional 229 (a ligação de Viseu até ao Sátão). Sobre esta última, valia a pena que um dia o PS explicasse para que serviram os milhões de euros ali gastos. Sim, foi no último governo do PS que se enterraram uns milhões na Estrada Nacional 229 desperdiçando a oportunidade de criar um traçado tipo itinerário complementar, alargando e requalificando de facto aquela importante ligação de Viseu a diversos concelhos do norte do distrito.

Já em anteriores eleições autárquicas e legislativas promovemos o debate em torno da necessidade do caminho-de-ferro para a cidade de Viseu.

A ligação do caminho-de-ferro à cidade de Viseu é outra das importantes propostas da CDU. Caminho-de-ferro que foi eliminado da nossa cidade por um Governo do PSD/Cavaco Silva, perante o silêncio cúmplice do poder autárquico. A CDU, foi a única força política que se opôs à supressão do caminho-de-ferro da cidade e a única força política que apresentou em diversas legislaturas projetos de lei que propunham o restabelecimento da ligação ferroviária à cidade e ao concelho de Viseu.

Viseu é a única cidade da Europa desta dimensão que não é servida pelo caminho-de-ferro. Vamos novamente ouvir nesta campanha eleitoral o PSD, o PS e o CDS falar desta questão. Mas, importa perguntar – quando circulam pelo poder, o que fizeram para concretizar esta infraestrutura determinante para o desenvolvimento do concelho de Viseu e de toda a região ? Ou ainda – porque é que o PSD, o PS e o CDS votaram contra as propostas dos partidos que integram a CDU no sentido de que em vários orçamentos de estado figurassem verbas para estudar a ligação de Viseu à rede ferroviária nacional ? Vai certamente repetir-se a cena do costume – nas campanhas eleitorais erguem esta questão como importante … chegada a hora de votar são contra. E nas autarquias para que são eleitos nada fazem para levar o governo a concretizar esta justa e velha aspiração dos viseenses.

Coisa semelhante se passa com o matadouro de Viseu. Conversa e promessas do PSD, do PS e do CDS há para todos os gostos. Mas, a verdade é que Viseu continua sem essa importante infraestrutura. A verdade é que, segundo as estruturas regionais da agricultura, desde o encerramento do Matadouro de Viseu até há uns meses atrás, a região tinha perdido 23.000 cabeças de gado. A construção ou reconstrução do Matadouro de Viseu podia não resolver este problema, mas teria ajudado. E esta é uma questão importante para muitas famílias que no concelho de Viseu e na região vivem da agricultura e da pecuária. E, quando não vivem exclusivamente destas atividades, elas são um importante complemento dos seus rendimentos. Trata-se igualmente de uma matéria de grande importância para o país se tivermos em conta que hoje importamos a maioria dos produtos que comemos.

Na Câmara e na Assembleia Municipal de Viseu a CDU assumirá a questão da construção ou reconstrução do matadouro como uma matéria de grande prioridade.

Outra questão para nós prioritária é a revitalização e reabilitação do centro histórico da cidade de Viseu. Esta é uma questão nuclear por três ordens de razões:

- melhorar a qualidade de vida e de habitação de muitas famílias e recuperar para a habitação muitas das casas degradas e em ruínas da zona histórica, disponibilizando-as a casais jovens e outros moradores a preços sociais

- dinamizar o comércio local que hoje se encontra em processo de completa desintegração;

- e, não menos importante, com estas intervenções, contribuir para a dinamização da construção civil, sector que reconhecidamente serve de motor do desenvolvimento económico, contribuindo desse modo para combater o flagelo do desemprego.

Este processo de requalificação deve ser acompanhado de outras medidas, nomeadamente a instalação no centro histórico de mais equipamentos âncora, que criem postos de trabalho e estimulem a atividade económica com a atração e fixação de pessoas e o desenvolvimento de campanhas criativas e estímulos para a dinamização do comércio local.

Continuaremos a bater-nos pela candidatura do centro histórico de Viseu a Património Mundial da Humanidade. Falta ao concelho de Viseu um Plano Estratégico de Desenvolvimento Turístico. No plano da promoção e do desenvolvimento do turismo está quase tudo por fazer. A responsabilidade não será apenas da Câmara, pois importa não esquecer a criação dessas mega estruturas envolvendo vários distritos e regiões que reduziram a eficácia e operacionalidade aos serviços.

Neste domínio, é indispensável investir em infraestruturas de base, que tragam mais turistas a Viseu.

Importa perguntar:

- onde está o parque de campismo de Viseu ?

- que fez a Câmara para forçar a requalificação, promoção e utilização do belíssimo espaço natural de Vale de Cavalos, na freguesia de Côta?

Nós na CDU defendemos que o desenvolvimento turístico de Viseu exige uma visão integrada que associe a cidade e o seu património, às Termas de Alcafache e S. Pedro do Sul, às serras do Caramulo, do Montemuro, da Estrela, ao Douro e às Terras do Demo.

Defenderemos, por exemplo, a construção de um metro de superfície que, numa primeira fase, ligue Viseu à região de Lafões. Trata-se de uma infraestrutura necessária à região quer no plano dos transportes públicos quotidianos quer para o desenvolvimento turístico ligando Viseu às Termas de S. Pedro do Sul e a toda a região de Lafões e Vale do Vouga.

Melhor seria que, em 1990, pela mão de um governo do PSD, as Linhas do Vale do Vouga e do Dão não tivessem encerrado. Melhor seria que tivessem sido modernizadas.

Mas, no concelho de Viseu há muito mais a fazer. Há muita luta a travar nos órgãos autárquicos e fora deles para que seja possível viver melhor na nossa terra.

Vivemos num concelho onde, segundo o censos de 2011, residem quase 100.000 cidadãos, mais exatamente 99. 274.

Mas, é um concelho mal servido de transportes públicos sobretudo a partir do momento que começaram as supressões de horários e ligações.

Vivemos num concelho onde ainda existem problemas de saneamento básico e abastecimento público de água para muitas habitações.

Um concelho onde faltam médicos, enfermeiros e pessoal auxiliar em diversas extensões de saúde, onde milhares de cidadãos recorrem “à sopa dos pobres” fornecida pelas IPSS, onde aumenta exponencialmente o número de desempregados e de pessoas a viver da “caridadezinha”, não pode ser o melhor concelho para se viver.

Habitamos num concelho onde “O Rossio” continua longe das freguesias e as freguesias longe do “Rossio”, por muitas reuniões descentralizadas que o executivo PSD realize.

Nunca o planeamento e o desenvolvimento sustentado do nosso mundo rural estiveram presentes nessas reuniões descentralizadas. O camião mal estacionado, o buraco ao fundo da estrada, e outros do género, eram os temas comuns destas reuniões. Formular desafios aos autarcas de freguesia para que participem de forma empenhada e construtiva na elaboração dos Planos Plurianuais de Investimento e noutras decisões estratégicas para o desenvolvimento do concelho, será a prática da CDU.

Não esquecemos as questões do apoio programado e atempado à cultura e do estímulo ao trabalho em rede que as diferentes estruturas que operam nesta área devem desenvolver. Como não esquecemos o apoio equitativo às coletividades de desporto, sobretudo àquelas que apostam na formação e na diversidade de desportos praticados.

As populações do concelho de Viseu podem continuar a contar com a CDU para, nos órgãos autárquicos e no plano da luta social, defender os seus direitos e interesses, para lutar por melhores condições de vida nesta região.

Vivemos num concelho onde faz falta a voz da CDU nos órgãos autárquicos.

Os viseenses podem contar connosco!

Obrigado