Em coerência com a permanente preocupação de defender o serviço prestado às populações pelo Hospital de Lamego, e quando se aproxima a abertura das novas instalações do que devia ser o Hospital de Lamego, a Comissão Inter-Concelhia Lamego/Tarouca do PCP, pediu ao seu Grupo Parlamentar na Assembleia da República, que interpelasse o Ministério da Saúde sobre as valências e serviços que o novo Hospital irá acolher.
A resposta do Ministério chegou agora e o que respondeu é suficiente para nos deixar profundamente preocupados. Informa o Ministério, por exemplo, que o tão ansiado novo hospital deixa de ser um hospital de retaguarda, passando a ser um “Hospital de Ambulatório”, com graves prejuízos para o regime de internamento. Segundo o governo, como não podia deixar de ser, a medida justifica-se por questões económicas.
Confirmam-se assim os piores receios e as várias denúncias feitas pelo PCP desde o inicio deste processo: Lamego deixa de ter um Hospital Distrital ficando apenas com um entreposto de triagem à beira de uma Auto-estrada. Acabam-se as funcionalidades de um verdadeiro hospital, nomeadamente: os internamentos, a assistência a doenças crónicas, as urgências com apoio das especialidades ou a existência de camas destinadas a patologias do foro médico ou cirúrgico. Fica o chamado “Hospital” reduzido às funções de um Centro de Saúde: Consultas Externas, Tratamentos em regime de Ambulatório e Urgências asseguradas por Clínicos Gerais.
E o que é isto de regime de ambulatório?
- O Regime de Ambulatório não contempla a doença crónica, logo estes doentes terão que ser internados fora de Lamego (Vila Real). Tomamos como exemplo os idosos (que representam a maioria da população da região), se necessitarem de internamento por uma simples pneumonia, cirrose na fase aguda, AVC, ou outro problema, que hoje se trata em Lamego, terão de os procurar em outro lado.
- O Regime de Ambulatório não contempla a maioria dos problemas de pediatria da área médica e muitos dos problemas da área cirurgica. Se o CHTMAD pode oferecer tantas especialidades de acompanhamento em consulta, porque é que não os pode articular de forma a darem apoio à Unidade Hospitalar de Lamego em regime de internamento? As crianças terão que ir para Vila Real, com todos os custos que isso implica (aumento do absentismo escolar, do absentismo dos pais ao trabalho e dificuldades de acompanhamento destes aos seus filhos durante o internamento, devido à distância e falta de transportes).
- Quando dizem que todas as especialidades se mantêm, é verdade, mas sem internamento para as situações que dele necessitarem. Nem tudo pode ser resolvido no ambulatório!!!
- Será que conseguem colocar em Lamego algumas especialidades que anunciam como estando presentes na consulta externa (ex: nefrologia e neurologia) se nem Vila Real as tem diariamente?
- Estão previstas 30 camas para cuidados continuados, mas nenhuma para patologias do foro médico ou cirurgico, o que significa que o tratamento destes doentes terá que ser feito fora de Lamego (Vila Real).
- O Serviço de Urgência Básica (SUB) não contempla o apoio das especialidades (Medicina Interna, Cirurgia, Pediatria, Ortopedia, etc), logo não passa de um serviço com clínicos gerais para verem doentes que vêm de um Centro de Saúde onde já foram vistos por outros clínicos gerais, para depois serem transferidos para Vila Real e serem observados pelo especialista da área correspondente. Os doentes continuarão a andar a "passear" de ambulância!!!
Quanto à “muda” e “desaparecida” Comissão Local de Defesa do Novo Hospital, que reivindicava 150 camas, deixamos-lhe algumas perguntas: então as vossas preocupações com o Hospital só duraram até às eleições? Será que com a mudança de governo as 30 camas passaram a ser suficientes? Quais as acções reivindicativas que a alegada Comissão desenvolveu? Em que resultou o folclore montado por esta Comissão? Será que para o Sr. Presidente da Câmara Municipal o que era mau no Governo anterior, passou a ser bom com o Governo Social Democrata? Podemos concluir que o silêncio das autoridades locais significa concordância com esta situação.
Lamego, 30 de Dezembro de 2011
A Comissão Inter-Concelhia de Lamego – Tarouca