Vindo a público o recente caso do falecimento de um utente após quatro horas de espera nas urgências do Hospital de Lamego, vem a Comissão da Interconcelhia do PCP Lamego-Tarouca apresentar as condolências aos familiares da vítima, demonstrando preocupação por este episódio lamentável numa unidade hospitalar de referência regional.
O momento sensível que o Serviço Nacional de Saúde atravessa, reflecte-se de forma prejudicial na qualidade dos serviços prestados e das valências ao serviço das populações. Uma política de consecutivos desinvestimentos na saúde pública trouxe o SNS até um ponto de ruptura em que urge uma resposta decisiva para manter de pé, com condições de dignidade e resposta eficiente uma conquista maior de Abril, lembrando-se que a saúde preconiza um direito constitucional inalienável.
Há muito, que vem o PCP alertando para a carência de recursos humanos e materiais no Hospital de Lamego, reunindo nos últimos anos por inúmeras vezes com a administração do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro a fim de acompanhar o trabalho desenvolvido e dialogar no sentido de levar até à Assembleia da República as preocupações dos utentes da região e questionar o Ministério da Saúde sobre o necessário.
O episódio recentemente sucedido, a juntar a outros mais, relatados e denunciados, como por exemplo a falta de comida no internamento de observações no serviço de urgência, evidenciam um plano montado de linhas claras para que se mantenha o subfinanciamento do serviço público de saúde em benefício do sector privado da área e do acesso recorrente à subcontratação pública de médicos e enfermeiros, vulgo “tarefeiros”, a fim de manter um perverso negócio e lóbi à volta da saúde.
É não só urgente para o Hospital de Lamego, através da acção do Ministério da Saúde e da administração do Centro Hospitalar, a resolução dos problemas relacionados com esta unidade, como a contratação de mais profissionais de saúde, médicos, enfermeiros e técnicos, mais auxiliares de acção médica e assistentes operacionais e mais administrativos, como também a aquisição de material médico indispensável ao normal funcionamento dos serviços, a aquisição de equipamentos médicos, substituindo os obsoletos. Noutra vertente é inadmissível o encerramento de consecutivos serviços hospitalares ao longo dos últimos anos no Hospital de Lamego, relegando para um papel secundário um hospital que serve dezenas de milhar de pessoas, e, a isto é necessário inverter a tendência e assumir que havendo uma infraestrutura recente e digna, se faça acompanhar pelo que lhe é devido e roubado por anteriores governos.
Sem este reforço e sem a atenção devida ao Hospital de Lamego o ataque patrocinado pelas políticas recentes de cariz economicista e assente num lóbi imoral de lucro terá os resultados pretendidos: Colocar de lados opostos e contra entre si, o SNS e os seus profissionais e os cidadãos e utentes que a eles recorrem. Se isto for atingido o futuro do Hospital de Lamego será de forma irreversível a perda de mais valências, a perda de recursos humanos e materiais até que ou desapareça a unidade hospitalar ou perda total da sua relevância no diagnóstico, tratamento e cuidado médico.
Assim, o PCP manter-se-á na primeira linha de defesa do SNS e do Hospital de Lamego em particular, preparando desde já as legítimas acções e iniciativas políticas que revertam todo o estado do panorama actual e simultaneamente com a intenção de evitar novos casos como os sucedidos.
Lamego 11 de Fevereiro de 2019
A Comissão Interconcelhia Lamego-Tarouca do PCP