É inacreditável o que a Câmara Municipal de Viseu está a fazer no Mercado 2 de Maio. Num acto de total insensibilidade cultural e estética, de despudorada falta de respeito pelo projecto arquitectónico do espaço e pelo seu autor, o Arquitecto Siza Vieira, “Prémio Nobel da Arquitectura”, o mais conceituado Arquitecto português, o Executivo municipal está a instalar naquele local, depois de ter arrancado uma das Magnólias, um Carrossel de Feira.
Pode haver, com toda a legitimidade, várias opiniões sobre as virtudes do actual projecto e a funcionalidade do Mercado 2 de Maio. Mas é de uma arrogância cultural sem limites, destruir o que existe sem consultar o autor da obra, enxertando um mamarracho intruso e pindérico, onde havia harmonia de formas, coerência de traço, beleza e arte.
É como se, pressionado por uma qualquer modernidade sem substância, um “iluminado” fizesse um grafite sobre o quadro da Mona Lisa, assassinando a sua originalidade e natureza.
Este atentado bárbaro tem de ser imediatamente parado. Não é a instalação de um Carrossel de Feira que resolve o problema do comércio naquela zona. Não é a existência do Mercado 2 de Maio que cria dificuldades ao comércio local. O problema está na proliferação de grandes e mega superfícies comerciais no Concelho, licenciadas pela Câmara de Viseu e no empobrecimento generalizado da população, imposto pelo Governo PSD/CDS, no qual o actual Presidente da Câmara foi Secretário de Estado.
Se a Câmara entende que faz falta um Carrossel de Feira para as crianças da nossa cidade, tem outros locais para o instalar. Por exemplo, no Parque Aquilino Ribeiro, que tem vocação para equipamentos desta natureza, com a vantagem dos adultos poderem passear livremente as suas crianças, usufruindo dos percursos e sombras existentes. Era até oportunidade para a Câmara repor naquele Parque a Biblioteca Infantil que inexplicavelmente desactivou.
Levando este original conceito de dinamização e animação à risca, não tarda nada, o Executivo manda colocar à porta do Museu Grão Vasco uma roulotte de farturas e no Adro da Igreja da Misericórdia umas barracas de finos.
É imperioso um sobressalto cívico e cultural da população, que repudie esta afronta à arte e à harmonia do Mercado 2 de Maio.
Afinal, ao contrário do que disse o Senhor Presidente da Câmara no último debate sobre o Centro Histórico, as opiniões dos moradores e dos cidadãos não estão a ser tidas em conta. É que, antes mesmo do executivo camarário divulgar todos os contributos recebidos para a dinamização do casco velho da cidade resultantes dos debates, faz obras avulsas e imponderadas, que desdizem da boa fé da campanha de discussão pública em curso.
Pela parte do PCP, tudo faremos para que este atentado seja parado e corrigido. Continuando a defender a elevação do Centro Histórico de Viseu a Património da Humanidade, como fazemos há dez anos e a lutar para que o Comércio Local tenha melhores dias.
Viseu, 12/06/2014
Comissão Concelhia de Viseu do PCP