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Categoria: Gabinete de Imprensa

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Foi no passado Sábado, pelas 15:00 na Assembleia Municipal de Lamego, que se realizou mais uma iniciativa no âmbito da evocação do Centenário de Álvaro Cunhal, o colóquio designado A Arte, o Artista e a Sociedade.

José Pessoa, técnico no Museu de Lamego, fez notar aspectos da personalidade de Álvaro Cunhal que, em sua opinião, fazem dele o grande humanista que conheceu. Homem de grande inteligência e carácter foi também dotado de grande sensibilidade, generosidade, honestidade e simplicidade, imagem que contraria o mito criado de um ser austero.

Foi uma verdadeira lição de como ver os “Desenhos da Prisão” dada às dezenas de pessoas presentes na iniciativa. Apresentando alguns desenhos realizados pelo líder histórico do PCP na prisão, evidenciou a presença das mulheres na sua obra plástica. Afirmou mesmo que, se tivermos em conta toda a obra e intervenção política e literária de Álvaro Cunhal, podemos considerar que foi um “campeão das causas das mulheres”, das mulheres trabalhadoras.

Numa referência a elementos inéditos, foi lida uma carta escrita por Álvaro Cunhal a Abel Salazar. Nessa missiva, o autor considera que a técnica usada nos seus desenhos terá sofrido a influência do traço daquele eminente cientista. Ilustrando esta influência, José Pessoa deu a conhecer alguns desenhos originais de Abel Salazar.

Entre outros mitos criados em torno da concepção comunista sobre a arte, na vertente da criação como na da fruição, repetidamente se fala da falta de liberdade, da imposição de uma rígida disciplina estética que a reflexão escrita bem como a acção de Cunhal em nada confirmam. Sobre isto José Pessoa afirmou que “Nunca o Partido aceitaria cortar as asas ao sonho”, pois libertar o homem é também libertar o artista, a criação artística é uma forma de intervenção no sentido de transformar o mundo também através da sensibilidade e dos afectos. Ao artista, num acto de profunda sinceridade, cabe intervir políticamente se a sua visão do mundo a isso o levar. Citando Graça Morais, aludiu à profunda actualidade desta ideia escrita em 1939 por Cunhal. Frisou o papel cívico e político que a arte e o artista poderão e deverão ter na sociedade portuguesa dos nossos dias.

Referiu ainda que a maior homenagem que podemos fazer a esta figura incontornável da história do nosso país é trabalhar no sentido de que, quem hoje tanto sofre as consequências da crise, possa conhecer as verdadeiras causas da degradação das suas condições de vida e tomar partido. Nesta como em todas as causas sociais e políticas, pode e deve a arte e o artista assumir o papel importante da denúncia, do esclarecimento, da mobilização, fazendo uso dos recursos estéticos.

Brevemente tornaremos público o calendário de iniciativas para o mês de Maio no Distrito, inseridas na programação do Centenário do nascimento de Álvaro Cunhal.