Imprimir
Categoria: Notícias

1.

Senhores Jornalistas

Camaradas e amigos,

Num processo cheio de vicissitudes, com avanços e recuos, conquistas e derrotas, perigos e potencialidades, a história portuguesa do pós-25 de Abril chama-nos, mais uma vez, a uma importante batalha eleitoral, num quadro, desta vez, mais marcado do que qualquer outro, pelo signo da crise. Uma crise de que são responsáveis as políticas de direita prosseguidas nos últimos 35 anos e que nos afastaram dos ideais e valores de Abril e da Constituição da República Portuguesa..

Políticas que vergastaram, maltrataram, fustigaram, deixaram exangues, de forma ainda mais cruel e impiedosa, as massas trabalhadoras e as populações do interior, onde estas políticas fizeram estragos económicos e sociais de alcance profundamente negativo: imensas regiões desertificadas, populações envelhecidas, novos surtos migratórios sobretudo da população jovem, salários abaixo da média nacional, pensões de reforma, em média, a raiar a miséria, uma agricultura arruinada, um tecido empresarial de micro pequenas e médias empresas atolado em dificuldades ou à beira da falência, um poder local, regra geral, pouco combativo (e, quase sempre, correia de transmissão das políticas centrais) e dezenas e dezenas de deputados destes distritos, nas diferentes legislaturas, de direita ou alinhados com os interesses da direita (no caso do distrito de Viseu, com excepção da episódica eleição de um deputado do PRD, sempre do PS, PPD/PSD e CDS/PP) sem qualquer intervenção estratégica e de fundo ou de combate reivindicativo continuado e propulsor pelo desenvolvimento do distrito.

Mas, estas foram também as regiões, onde os trabalhadores e as populações (para nós a mais importante riqueza destes territórios):

- Participaram aos milhares nas manifestações do movimento sindical contra estas políticas, nas muitas concentrações, manifestações e protestos (nacionais ou regionais) organizados pela CGTP e suas uniões, sindicatos e federações;

- Nas jornadas de protesto e reclamação da Lavoura, em que participaram milhares de pequenos e médios agricultores, levadas a cabo pela CNA e suas associações filiadas regionais;

- Nas comemorações do 25 de Abril e do 1º de Maio, como vai acontecer este ano em tantas praças do interior norte e centro (por exemplo, em Viseu, nas três cidades de Viseu, Lamego e Mangualde) e que vai fazer das comemorações deste ano grandiosas expressões de luta e de reclamação pela ruptura e pela mudança;

- Na luta em defesa de serviços públicos de qualidade e de proximidade (escolas, SAP, maternidades, internamentos de pediatria, matadouros públicos, etc);

- Na luta contra as portagens nas SCUT (A23, A24 e A25) com buzinões, marchas-lentas (a última das quais, no passado dia 8 de Abril, com a participação de centenas de carros e camiões), abaixo-assinados/petições (o último dos quais, entregue no passado dia 22 de Março na AR, juntou 35.000 assinaturas, recolhidas em poucos meses), denúncias junto dos OCS (várias conferências de imprensa), processo exemplar de luta em que se envolveram directamente os partidos que integram a CDU juntamente com o movimento unitário Contraportagens e que obrigou a recuos (ainda que tácticos e/ou temporários) na introdução de portagens naquelas vias, a última das quais anunciava o seu início de funcionamento para 15 de Abril (e que, graças à luta, já não foi no 15 de Abril deste ano). E, como diz o povo que, “enquanto o pau vai e vem folgam as costas”, os comunistas, os verdes, os trabalhadores e as populações saberão recuperar forças para continuar esta luta, para que o que não foi conseguido até agora, apesar de continuarem os trabalhos de instalação de pórticos naquelas vias, venha a acontecer no futuro, com uma outra política.

 

 

2.

No plano eleitoral, sendo muito difícil a nossa acção de combate ao preconceito, ao poder ideológico de um aparelho propagandístico, de profundas raízes históricas, que jogou (e joga) no obscurantismo cultural, no analfabetismo, numa rede influente de caciques locais, no fomento da cultura do medo, da subserviência, da dependência, do compadrio e nepotismo, mesmo neste quadro altamente complexo e adverso, nós comunistas, os verdes e muitos outros democratas travámos e vamos travar de novo uma importante batalha pelo voto na CDU, por um governo e uma política patriótico e de esquerda, que rompa com este ciclo e ponha o País e o interior de novo a produzir para o desenvolvimento das populações, para a soberania alimentar, para uma vida com bem estar, para um Portugal justo e solidário.

Num debate promovido no passado dia 15 de Abril pela AM de Lamego sobre o novo Hospital, que de tão despido de valências mais parece um Centro de Saúde, foi dito pelo representante do GP do PCP na AR que, mesmo não tendo nenhum deputado eleito pelo Círculo Eleitoral de Viseu, o PCP/CDU foi o Partido que mais deputados deslocou a Lamego para, em diversas tomadas de posição, desbloquear a construção do novo hospital (que durante anos e anos viu inaugurada umas cinco ou seis vezes a mesma primeira pedra) ou na luta em defesa de valências, recursos e apoios. E o mesmo aconteceu nas muitas deslocações dos nossos deputados ao distrito e numa continuada intervenção para a resolução dos mil e um problemas criados pelas políticas de direita (contactos com escolas, hospitais e centros de saúde, adegas cooperativas, associação de comerciantes, ex-trabalhadores da ENU, sindicatos, associações agrícolas; /// intervenções em defesa de direitos laborais (Citroen), em defesa da criação da UPV, da ligação ferroviária a Viseu, pela construção do matadouro público de Viseu, pelo reforço de verbas em PIDDAC para importantes obras no distrito, contra portagens nas SCUT, contra a instalação de torres eólicas em zonas eminentemente turístcas, etc, etc). Quando isto foi dito no referido debate em Lamego a população presente irrompeu em aplausos.

Todos sabemos que, dos aplausos aos votos, vai uma grande distância e muitas barreiras e que os outros partidos (em especial os do “arco da velha” política, que o capital já está a manipular para que seja o grande “arco do poder que se segue”, ou seja PS, PSD e CDS) têm poderosos meios de que nós não dispomos: televisões, jornais, comentadores e comentários a todas as horas, chantagens (até o FMI e o FEEF entram neste filme), pressões, bancos e banqueiros, PR). E, por isso, não deixamos de achar curiosos (seria melhor dizer, tendenciosos), certos apelos que por aí circulam para que os partidos se abstenham de gastos nesta campanha ou o apelo (ainda mais estranho e irresponsável) à “democrática abstenção”. É caso para dizer: OBRIGADO, MAS NÃO SE PREOCUPEM! NÓS NÃO VAMOS POR AÍ! Nós vamo-nos multiplicar em contactos com as populações (a nossa forma privilegiada de fazer campanha), para que as populações percebam que os partidos não são todos iguais, e que se tanto trabalho por nós foi feito, mesmo sem deputados eleitos pela CDU, neste círculo eleitoral, o que nós não faríamos, o que nós não faremos, se a voz da CDU chegar à AR através de um deputado aqui eleito, como esperamos conseguir.

- Vamos intervir na defesa dos interesses dos trabalhadores e das populações deste distrito, com baixos salários e pensões, com níveis elevados de precariedade, empurrados para novos surtos migratórios;

- Vamos intervir em defesa do tecido empresarial dos micro, pequenos e médios empresários desta região – tecido económico dominante na agricultura, no comércio tradicional, na indústria - por condições mais favoráveis ao exercício da sua actividade, desde logo, defendendo, prioritariamente, a produção nacional, preços justos, justiça fiscal, incentivos e apoios, acesso ao crédito em condições adequadas (taxas de juro comportáveis);

- Vamos exigir investimentos na criação de infra-estruturas estruturantes à actividade económica, à formação de quadros e ao bem estar das populações (vias rodoviárias e ferroviárias, UPV, Matadouro público, entre outros);

- Vamos reclamar uma adequada rede de serviços públicos de qualidade e de proximidade e lutar para inverter esta perigosa tendência de encerramento de serviços, que tanta falta fazem às populações (escolas, serviços de saúde e de seg. social, auto-estradas sem portagens)

- Precisamos de investir no turismo, na cultura, no desporto e no lazer.

- Precisamos de pôr o distrito de Viseu (e o País) não nas mãos do FMI ou do Fundo Europeu (“a tirar aos pobres para dar aos ricos”), de PEC em PEC (sempre sobre os mesmos), de austeridade em austeridade (sempre para os mesmos), de especulação em especulação (sempre a sacar dos mesmos) até ao desastre nacional. Precisamos de renegociar a dívida externa (maioritariamente privada) e pôr de novo Portugal e o distrito a produzir, apostando também na melhoria das condições de vida dos trabalhadores e das populações (sem esquecer as que vivem no interior).

- E precisamos, sobretudo, de deputados identificados com os interesses da região, dos trabalhadores e das populações, audazes, combativos, “sem papas na língua”, como diz  o povo, que não sejam os “paus mandados” de interesses económicos e/ou políticos dominantes (esteja o seu comando em Lisboa, Bruxelas ou Berlim).

É certo que é uma tarefa muito difícil. Mas, também é certo que a CDU é portadora de um projecto de ruptura e de mudança capaz de pôr este país, este interior, este distrito no caminho de saída desta crise e nas rotas do desenvolvimento. Nós acreditamos no potencial de transformação e de esperança, de que somos portadores. Nós acreditamos que com os trabalhadores e as populações seremos capazes de operar esta grandiosa (esta monumental) transformação

E sabemos, por experiência própria, quão verdadeiro é, também na política, o aforismo popular: ALCANÇA QUEM NÃO CANSA.

 Vivam os trabalhadores e as populações do distrito de Viseu!

Viva a CDU!

Mãos à obra! Vamos ao trabalho!